segunda-feira, outubro 22, 2007


Tenho uma amiga que, pela primeira vez, ouviu fado como deve ser ouvido. Foi ontem com vista para o Tejo numa esplanada daquelas que só existem em Lisboa. Foi rodeada de gente com bom aspecto, tostas com creme de ervas e chá verde com pau de canela. Foi numa conversa cheia de passados não resolvidos, foi num jogo de cartas na mesa, foi com o sol a esconder-se num céu cor-de-rosa que não pertence à paleta de cores do Outono. Foi com olhos e cara escondidos nos óculos de sol e uma mão aflita a acalmar o quase desespero que, de repente, se ouviu Mariza a cantar. Ninguém estava à espera mas aquele choro português caiu ali muito bem. E a minha amiga ouviu e percebeu tudo pela primeira vez. E sentiu-se mais portuguesa do que nunca. E assumiu o Fado como seu.

Ó Gente da Minha Terra

"Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que a recebi

É meu e vosso este fado
Destino que nos amarra
Por mais que seja negado
Às cordas de uma guitarra

Sempre que se ouve um gemido
Duma guitarra a cantar
Fica-se logo perdido
Com vontade de chorar

E pareceria ternura
Se eu me deixasse embalar
Era maior a amargura
Menos triste o meu cantar"

Amália Rodrigues

sábado, outubro 20, 2007

Tenho uma amiga que está a frequentar um curso de escrita criativa. Está a aprender a escrever. Está a aprender uma escrita fácil sem grandes acessórios, despida de qualquer ornamento (e aqui o professor diria que já estou a escrever demais e a tentar fazer “bonito” sem necessidade.). Portanto, recapitulando… o menos é mais. E eu. Vou agora. Escrever assim. Sempre com frases curtas. Ideias simples. E palavras cruas. E a “cruas” já deve estar aqui a mais. Mas porra. É difícil escrever assim. É difícil resistir à tentação de escrever bem. Ou pensar que se escreve bem e escrever de bicos de pé, armada ao pingarelho. A ver se saio do curso de escrita criativa uma pessoa melhor. Mais simples, menos altiva. Nas palavras, claro.

Tenho uma amiga que já passou por isto. Objectos que dão cabo de uma relação: playstation, aspiradores, televisões atrofiadas que só dão um canal (Sport Tv), Ipods… principalmente se forem utilizados durante as relações….

quarta-feira, outubro 17, 2007

Tenho uma amiga que foi à bruxa, bruxinha pronto. Restaurante Euphoria em Cascais. Consulta de Tarot e mãos. Só para desesperados e para quem vai só naquela de beber sangria. Para que a consulta não caia no esquecimento aqui escrevo umas linhas:

Numerologia: Vénus comanda a vida. Amor, Beleza… tem montes de amor dentro dela, espalha amor, sofre com o sofrimento dos outros, é procurada para aconselhamento.

Trabalho: Complicado. Há alguém que representa uma ameaça, que tenta prejudicar. Que provoca. Momentos de cansaço. Vontade de desistir. Um ano complicado (o que passou, a medir forças constantemente). Uma pessoa má. Mas sem motivo para preocupações. Essa pessoa não tem força suficiente. Sucesso traçado. Sem medos. Quantia avultada de dinheiro. Mudança para melhor, mas o ramo será sempre o mesmo. Ramo das pescas?

Amor: O namorado está fora (e está, em S Francisco…será que a bruxinha tinha microfones espalhados pela sala??) cheio de saudades. Mais uma vez medos e sentimentos de culpa. Pouca entrega da parte da amiga… “entregou o coração, só falta a alma”… (e o corpo hein?? Onde é que fica o corpo??). Qualquer coisa correu mal pelo meio. Ainda pensa nesse episodio, mas deve seguir em frente. Muito amor. Entendimento. O namorado vê-a como Nossa Senhora na Terra (não sei se gosto disso… até porque o namorado não acredita na Nossa Senhora). Relação forte. Não há mais ninguém no futuro (para sempre?????? Oh meus deus! Isso não é muito tempo?). Crianças. Relacionamento muito sério (mas sempre na brincadeira, acrescento eu). Macaquinhos no sótão. Sentimento de posse.

Família: Família protegida. Pais morrem velhos (a herança só chega aos 80 anos está-se mesmo a ver). Atenção a saúde do pai. Cuidado com a alimentação. Mãe enervada. Rezingona. Sempre a mandar vir. O pai vira-lhe as costas e nem ouve, não está para se chatear (e faz bem). Irmão protegido. Também o irmão já encontrou a “pessoa certa”. (Não gosto das pessoas certas).

Basicamente foi isto. Foi bom não foi?

terça-feira, outubro 16, 2007

Tenho uma amiga que vai criar a Cadela Cheirosa. Para competir com o Gato Fedorento. Os gajos estão fartos de ganhar dinheiro, ao ponto da mulher do Ricardo já ter vida de dondoca. A minha amiga também quer. Bora fazer sketches com bué piada. A Cadela Cheirosa. Vai ser o sucesso, parece que já estou a ver...
Tenho uma amiga que tem um blog que tem um ano de vida. Hoje. Parabéns ao blog, à minha amiga, às minhas amigas todas, ninfas inspiradoras da escrita esporádica, e parabéns sobretudo às pessoas que vêm cá ler. Pela paciência, também. E por me fazerem sentir de consciência pesada quando não escrevo tanto como gostaria. E por terem criado um monstro. Maior do que a própria autora. que um destes dias, numa troca de sms, recebo uma que dizia assim, ou parecido "sim, sim, tenho pena que não venhas jantar mas vai lá escrever no blog." E eu pensei. É o princípio do fim. Estou a perder a identidade para este espaço cheio de palavras. Estou a perder pontos para este amontoado de ideias soltas. Este pedacinho está a tomar conta de mim. Exige, o puto. Faz birras e faz hoje um ano. Parabéns a você.