sexta-feira, setembro 21, 2007

Tenho uma amiga que, em certo departamento da vida, é um espelho de mim. Não pelos motivos mais positivos, antes pelo contrário. É o espelho na tensão, no sorriso de pés e mãos atadas, na renúncia à hipocrisia, nas ideias cortadas aos pedaços. Não tive, não tenho conselhos para lhe dar. Acabaram-se os recursos. Apenas um pedido. Não deixes que a missão de quem nos quer apagar se cumpra. Esconde o interruptor. Vinga-te com a pior atitude que se pode ter para esses tais que: a vida preenchida. Espanca-os com ela. Com as pessoas que gostam de ti, com o jeito que tens para fazer o que fazes, com a generosidade que só acrescenta a esse jeito. Com o amor que recebes todos os dias, mesmo que seja um amor sem abraços, um amor sentido e partilhado à tua maneira. Humilha-os com o teu brilho que não precisa de se alimentar da falta de brilho dos outros. Quando nos perguntam se não temos ambições, dizemos que sim. A ambição do poder. O poder de nos pormos de pé quando nos fazem cair. É o único conselho que tenho para te dar. A ti e a mim…

quinta-feira, setembro 20, 2007

tenho uma amiga que voltou de férias. Tordesilhas, Bilbao, San Sebastián, Biarritz. Voltou. Chegou bem e qualquer dia pode sair-lhe alguma coisa neste querido blog a propósito das férias, dos espanhóis, dos pinchos, da bélha de Biarritz, da meia bifana no restaurante de camionistas, no bairro alto de san sebastían... e o que mais lhe aprouver. Agora não. Ela voltou de férias mas os neurónios ainda não. Perderam-se no caminho.

Tenho uma amiga que acabou de receber a notícia da possível saída de José Mourinho do Chelsea. Ela nem é de intrigas, mas uma vez que temos um seleccionador que passou de bestial a besta, e uma besta que dá murros a quem os quiser apanhar, lembrou-se que estamos a precisar de um bom mister, mas mesmo bom, daqueles mesmo mesmo bons, do tipo das gajas boas de Ermesinde, mas em gajo, treinador e de Setúbal. É só uma ideia. Tivesse pedido a demissão mais cedo e ainda ia parar ao Benfica. Olha que também não ficava nada mal, ele deve ficar bem de vermelho. Ele deve ficar bem de cor de rosinha. O José Mourinho está de novo no mercado. Será que essa disponibilidade diz respeito apenas ao mundo do futebol? Foi só outra ideia…

segunda-feira, setembro 10, 2007

You Belong in Amsterdam
A little old fashioned, a little modern - you're the best of both worlds. And so is Amsterdam.Whether you want to be a squatter graffiti artist or a great novelist, Amsterdam has all that you want in Europe (in one small city).
What'>http://www.blogthings.com/whateuropeancitydoyoubelonginquiz/">What European City Do You Belong In?

sexta-feira, setembro 07, 2007














Tenho uma amiga que é egoísta, umbiguista, egocêntrica, individualista e em vez de falar do que toda a gente fala hoje- a morte de Pavarotti, apetece-lhe mesmo é falar sobre esta noite, a dela, sozinha em casa, sem Joe Pesci como ameaça nem Macaulay Culkin como futuro agarrado-dependente. (e daí… ). Ninguém se esqueceu dela. Foi ela que quis esquecer o resto. De tudo o que não inclui o sofá desgastado cor-de-laranja, o laptop, os gatos, uma sangria de champanhe que vou-vos-contar, um pifo ou outro, os espargos verdes com salmão fumado e molho de maionese com cebolinho, os gatos, uma passagem por um livro de capa grossa, os gatos-sempre os gatos, uma televisão que não é egoísta e fala que se desunha sobre o tenor desaparecido, os pensamentos soltos e desajeitados, a vontade de muita coisa e inércia para muito mais, os planos para esta vida e a outra. O sushi que vai amar amanhã, a curiosidade, o mundo que talvez esteja demasiado preparado para ela. Apetece-se falar sobre as frases bonitas, bem arranjadas, que constrói na cabeça e um dia, se a memória não a trair como tem feito cada vez mais, as vai juntar todas, pôr-lhe uns anos de sabedoria em cima e vão virar um projecto. De quê? Não sabe. Sabe que tem que comprar mais livros e menos sapatos que esta vida são dois ou três dias, (não vamos falar do Carnaval de tanta azeiteirice que é) e o que calça não a leva longe, antes pelo contrario, rais parta aos saltos dos melhores sapatos, é que fico já aqui e não vou a lado nenhum.
Ai que tem que se ser tanta coisa e sendo-se tanta coisa, é-se afastado, temido, desconfiado, presumido, discriminado. Ser-se nada então é morte certa, nem vale a pena. Ser o quê então?

O bem parecido é fútil
O intelectual é chato
O popular-que-tem-amigos-em-todo-o-lado não é levado a sério ou, pior, é no fundo, cola.
O introspectivo é weirdo, sem amigos, patético, o bobo da corte.
O meigo é totó
O liberal é encornado
O possessivo é sufocante
O espertinho é irritante
O ambicioso é ganancioso
O que não é, não é grande coisa.
O deixa-andar é desleixado
O engraçado é ridículo
O que ri é histérico
O que não ri é maníaco-depressivo
O sarcástico é má pessoa
O criativo às vezes é excêntrico, outras apenas pensa que é criativo
O ingénuo é burro
O mentiroso é manipulador
O rei da festa é tonto
O que dá é mole
O que não dá é um egoísta de merda
O que guarda para si é somítico
O que partilha com o mundo é parvo
O que percebe de computadores é nerd
O que percebe de erguer e partir paredes é trolha e é de fugir.
O que não percebe de mulheres é homem
O que percebe de tudo e mais alguma coisa assim por alto é mulher.

Ser o quê então nos dias que passam?

Deus? Mas esse não existe.

“O único dever, ser moderno.” E assim foi ela. Deixou o homem à solta e ficou a ler, escrever e a apanhar pifos em casa. Feita independente. Feita Moderna. Sozinha em Casa.