Tenho uma amiga que viveu a adolescência e entrada na idade "adulta" nos anos 90. Percebeu há dias, ao entrar numa loja, que os anos 90, os anos dela, os que a marcaram mais, estão de volta. Em forma de estar na moda. Anos 90 é retro. E a amiga é oficialmente velha. Na loja, ouvir os Stone Roses lembrou-lhe tempos em que era rocker e sofrida. E percebeu o motivo do fracasso emocional das pessoas que a rodeiam incluindo-a no círculo-circo. A Cortar os pulsos é que era bom. Para quê ter uma relação colorida e levezinha? Ninguém está habituado a isso. A música fazia sofrer com gosto, a roupa era negra. Os ídolos morriam cedo. Era tudo muito mau e assim é que era bom. Ou não era?
Estas eram algumas das músicas da vida da minha amiga. Quando a vida ainda era nova, ingénua, crente, e por preencher. Agora é que ela está bem.
terça-feira, setembro 30, 2008
sexta-feira, setembro 26, 2008
quarta-feira, setembro 24, 2008
segunda-feira, setembro 22, 2008
Tenho uma amiga que foi de férias e já voltou. Foi a Roma e foi a Londres. As ruas de Roma são as do Bairro Alto com trepadeiras e sem grafitti. As pessoas de Roma são brutas, os homens não olham... devoram com os olhos. A língua apetece saber dizer. Mas o melhor de Roma é a comida. O melhor de Roma foram os amigos novos. Um austríaco, um irlandês, um italiano, um americano, um brasileiro... todos gay, todos diziam OH-MY-GOD como só os gay sabem dizer! O melhor de Roma foi também a partida para Londres. Uma partida para não mais voltar. Pelo menos parte dessa amiga ainda lá está. Naquela casa... naquele quarto... Naquela maneira desajeitada de chegar. No Benugo, que afinal não era um prato típico nem um legume, era o nome do centro de artes ou-lá-o-que-era para ver a peça que nunca viu por ter chegado sempre atrasada. Não viu? Viu. Mas era uma peça real, disse-lhe alguém. Ai está lá, está...Nas ruas, debaixo da ponte, a ouvir ópera enquanto janta um brownie de chocolate e bebe um cosmopolitan a meias. Parece que tudo a meias. E as meias existem mesmo quando não era suposto e não faz mal. Nada faz mal. Está lá.. Em Camden Town. Em Little Venice. Num restaurante de sushi a comer massa, a ouvir uma espécie de RFM sentada no chão. Em Primrose Hill e em todos os parques da cidade com a manta, os noodles e a sensação de encaixe perfeito. Está calada quando lhe apetece, quando apenas os pensamentos têm vontade de falar. Sempre baixinho. Nunca com perguntas. Nunca ouviu um "porque é que estás tão calada?" E depois? E se estava? Ninguém queria saber dessas ninharias. Ninguém queria saber se ela se dava com e a pessoas. Estava lá. E isso assumiu uma importância não assumida mas irreversível. E ela lá. Na London Eye com Londres aos pés e o coração nas mãos. No reflexo da janela do metro com a imagem que queria ver reflectida. Em Portobello a viver devagarinho, sem pressa. Naquele pijama preto. No sofá a tentar não dormir porque "se te apanho a dormir vais já prá cama". Tudo tão novo. Tudo tão faz-sentido. A ouvir o Jay Sean com sentimento de culpa, em segredo cúmplice. No lado certo da cama. A esquecer-se lá do próprio cheiro. A demorar-se... por causa dos cremes e porque é assim mesmo. A enganar-se no metro. A olhar para onde queria, na direcção que queria. E então? Não há quem a queira mudar. Está lá ainda a proteger-se do frio. Com o céu azul. O céu esteve sempre azul, de um azul-troça e vingativo. Está lá a fazer nós. Na garganta, no estômago, na amiga. Está lá a ser a picola porque teve de ser. A coleccionar recordações de tudo. A antecipar uma espécie de dor. Está lá com alguma parte finalmente preenchida mas sem peso extra. Está lá mas já voltou. E deixou o queijo feta para trás. Trouxe coisas. Trouxe uma mala cheia de roupa e de uma cena marada. Trouxe um grande ponto de interrogação e duas palavrinhas antes dele: E agora?
quinta-feira, setembro 11, 2008
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Tenho uma amiga que mesmo antes de... This is from the film Before Sunset, Richard Linklater's sequel to his first movie about an American (Ethan Hawke) and a French woman (Julie Delpy) who fall in love in Europe. In this clip, Delpy's character performs a waltz she wrote that describes her experiences in the first movie. I've been a long-time fan of Delpy, and wasn't aware she was such a great musician until I saw this part of the movie (she wrote the lyrics and the music, I believe). | |
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quarta-feira, setembro 10, 2008
Tenho uma amiga que vai a Londres. Antes de Londres vai a Roma. Vai a Roma de férias. Vai a Londres de rajada. Há sempre um bom motivo para ir a Londres. A Londres para se encontrar. Para encontrar alguém. Para encontrar Londres. Há dois anos a cidade foi um ponto de partida, uma visita inesperada. Há dois anos foi a Londres estar sozinha e ele apareceu em Russell Square. Tudo muda. Este ano vai a Londres cumprir uma promessa. A promessa de ir a Londres em Setembro. Como é Londres em Setembro? Lisboa em Setembro é cheia de dúvidas. Umas vezes cheira a molhado de fresco outras a sol transparente. Lisboa em Setembro respira de alívio e de espanto porque conseguiu chegar a Setembro. Prepara-se para os dias frios. Compra botas, recolhe a ventoínha, faz as malas para deixar o Verão. Passa as tardes a comer tostas de queijo de cabra a ouvir fado com vista para o Tejo. Vê-se e faz-se filmes. Fecha os olhos e pensa que nunca vai ter de dizer adeus às amigas (e amigos) que tem. São coisas que se pensam em Lisboa no mês de Setembro. Com bilhete de avião emitido. Para Londres. Desta vez vai ser diferente. Não leva um guia para visitas obrigatórias. Não leva linhas de orientação. As linhas estão escritas na mão... dizem as videntes. Mas não quero que as leiam. Não quero saber o que dizem. O único mapa que leva é o astral, para quem acredita nessas coisas. Quero ser portuguesa e antecipar este sofrimento todos os dias como nós tão bem conseguimos fazer. Já me vi em todas as situações, já pintei todos os cenários, já me vi desistir de ir. Mas vou. O pior que me pode acontecer é deixar de gostar... de Londres. Mas também disso não tenho medo. O céu de Lisboa não se compara ao céu de Londres. É, literalmente, de longe mais bonito!
Will you let me romanticize,
The beauty in our London Skies,
You know the sunlight always shines,
Behind the clouds of London Skies.
Nothing is certain except everything you know can change,
you worship the sun but now,
can you fall for the rain...
Jamie Cullum, London Skies.
Tenho uma amiga que.... o resto escrevo no regresso. Fui.
terça-feira, setembro 09, 2008
Tenho uma amiga que ontem viu um filme que já devia ter visto há algum tempo. "Antes do Amanhecer". Ethan Hawke e Julie Delpy nos papéis de Jesse e Celine. É de 1995 mas podia ter sido de hoje. Leva a história com ela na viagem que se aproxima. E deixa algumas citações.
Jesse: I don't know, I think that if I could just accept the fact that my life is supposed to be difficult. You know, that's what to be expected, then I might not get so pissed-off about it and I'll just be glad when something nice happens.
Jesse: I know happy couples... but I think they lie to each other!
Celine: I like to feel his eyes on me when I look away.
Jesse: You know what's the worst thing about somebody breaking up with you? Is when you remember how little you thought about the people you broke up with and you realize that is how little they're thinking of you. You know, you'd like to think you're both in all this pain but they're just like 'Hey, I'm glad you're gone'.
Celine: Isn't everything we do in life a way to be loved a little more?
Celine: Well, who says relationships have to last forever?
Pode ser que encontre um Ethan Hawke na viagem....
Jesse: I don't know, I think that if I could just accept the fact that my life is supposed to be difficult. You know, that's what to be expected, then I might not get so pissed-off about it and I'll just be glad when something nice happens.
Jesse: I know happy couples... but I think they lie to each other!
Celine: I like to feel his eyes on me when I look away.
Jesse: You know what's the worst thing about somebody breaking up with you? Is when you remember how little you thought about the people you broke up with and you realize that is how little they're thinking of you. You know, you'd like to think you're both in all this pain but they're just like 'Hey, I'm glad you're gone'.
Celine: Isn't everything we do in life a way to be loved a little more?
Celine: Well, who says relationships have to last forever?
Pode ser que encontre um Ethan Hawke na viagem....
segunda-feira, setembro 08, 2008
Tenho uma amiga que agora está sozinha. Sozinha não. Com os paramédicos do amor! Deixem-me explicar. Sábado de Manhã. Recebo um telefonema. Do outro lado uma amiga a chorar. Por causa do amor que lhe fez mal e ela cheia de dores. De cabeça. Do estômago. Da alma. O que é que eu podia dizer? "Não te mexas, respira fundo 10 vezes, não feches os olhos, come uma peça de fruta...". Por acaso podia ter dito. Mas sou uma mulher de acção. Peguei no terceiro amigo, na malinha dos primeiros socorros e fomos. Em grande velocidade...passamos um vermelho (mas foi proque ele não viu) e eu até fiz o barulhinho da sirene. Tinau...tinau...tinau... os paramédicos do amor ao serviço dos amigos. Ou os paramédicos dos amigos ao serviço do amor. Fomos expulsos. Não temos grande jeito e ela tem um grande feitio. Depois ficou tudo bem e passamos juntos o primeiro fim de semana de Inverno. Já passou. Tirámos fotos, rimo-nos, precipitamo-nos, deprimimos - mas só um bocadinho porque não tenho paciência e o telefone até vai tocando- vimos um filme, comemos gelado, maldissemos os objectos da nossa afeição, comemos muito, chegámos à conclusão que queremos viver juntos. Chegámos à conclusão que não queremos viver juntos. Dormimos juntos. Tenho uma amiga que não está sozinha. Estamos cá para ela. Os paramédicos do Amor!
E agora... retiro um texto do blog dela que faz mais sentido do que nunca. Do mestre Miguel Esteves Cardoso.
O amor fechou a loja.
Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.
Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo.
O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode.
Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra.
A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina.
O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino.
O amor puro é uma condição.
Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima.
O amor não se percebe... Não é para perceber.
O amor é um estado de quem se sente.
O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade.
É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.
O amor é uma coisa, a vida é outra.
A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre.
Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente.
O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz.
Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra.
A vida dura a Vida inteira, o amor não.
Só um minuto de amor pode durar a vida inteira.
E valê-la também."
(Miguel Esteves Cardoso)
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