quinta-feira, março 15, 2007

Tenho uma amiga que não sabe se quer ter filhos. Pelo menos tem a certeza que, se os tiver, não serão planeados. Nunca irá dizer ‘bora fazer um filho, está mesmo a apetecer-me’. Não. Não vê com bons olhos a ideia do parto, para começar. Não acha o acto de dar à luz um milagre, é mais um atraso da ciência. A gravidez é muito bonita? Deixa marcas, faz engordar, faz varizes, e dói. Onde é que está a beleza que eu de repente não estou a ver? E depois? Dar de mamar. Fantástico. A criancinha ali a puxar leite, as mamas roxas, que maravilha. Como diz uma senhora, “a criança que vá mamar para o raio que a parta”. E há mais… O choro, as noites mal dormidas, o rabinho do bebé assado de tanto cocó e xixi. As horas certas, as quantidades certas, o pediatra certo, as roupinhas certas. Em vez de jantares, queijo e vinho… cólicas, papinhas e biberões. E demoram muito tempo a falar, outro defeito. Não se percebe nada do que dizem, grunhem e os crescidos a achar muita piada. Filho da minha amiga que começar a palrar e a babar ao mesmo tempo, leva na cara. Não há cá figurinhas tristes para outros aplaudirem. É preciso ter muita certeza na vida para ter um filho. Se uma relação não correr bem, há uma conversa que se tem e cada um vai à sua vida. Se uma relação de maternidade não corre bem, não se pode dizer à criança ‘temos que falar. Não és tu, sou eu.’ É um contrato vitalício. E a minha amiga ainda nem sequer assinou o contrato promessa.

6 comentários:

Barbara disse...

É um contrato vitalício lindo! Não vais querer sequer dizer a um filho "Temos de falar. Não és tu, sou eu".
A piada da gravidez é sentires o milagres da fusão dos génes (esperma com óvulo) a dar origem a um bebé e senti-lo crescer.
A piada das noites mal dormidas e das birras, é que em compensação recebes e dás um amor absoluto. Um amor como nunca na vida terás e darás a mais ninguem, como a um filho. Vais receber amor absoluto de um ser que nasceu de ti e que te ama, só porque sim. Que te ama, porque lhe dás amor, e para ele isso basta. Amar-te-à sem ver defeitos na "mamã".
E mais, os grunhidos de um bebé são imperceptíveis para qualquer pessoa, menos para os pais. É uma linguagem própria que estreita os laços de uma familia. Um dialecto próprio, só daquela familia, só deles, muito deles...
O único argumento válido são as questões financeiras que podem não permitir de facto deitar um bebé ao mundo. Tudo o resto... é peanuts! ;-)

Achas que estou assim com tanta vontade de ser mãe?...

Posso simplesmente crer que tive a sorte de poder vivenciar por breves meses a sensação de ter uma criatura de meses a depender de ti... vê-la crescer... sentir os olhos dela brilhar quando te vê... sentires que estás a formar uma pessoa... ensiná-la a falar... para ouvi-la dizer: "goto muito de ti, Babá..." ou "Bebé adora a Babá"... enquanto dá festinhas e beijinhos... e no meio da confusão... um dia... chama-te "mamã"...
E isto, minha amiga, vale...vale... olha... sem palavras...

Allengirl disse...

Assim de repente não imagino a minha amiga com essas sensações, mas se um dia acontecer, falamos sobre isso. Quando é que te vemos com barriga?

Witch disse...

Oh Allen.... eu concordo em tudo com a Baba, diz à tua amiga que de facto não há coisa mais linda, amorosa, interessante e que faça de nós melhores pessoas do que um filho... e olha que as dores de parto são só um bocadinho, e a recuperação da gravidez é rápida.
A tua amiga vai ver que quando chegar a hora ela vai AMAR!
Beijos

Allengirl disse...

a amiga manda dizer que não se está a ver como mãe, mas como tia é quando quiserem... quando é que vai ser?

Witch disse...

Anda-se a trabalhar nisso!
Depois informo. ;)

S. C. R. disse...

Não me digas que isto tem a ver com o sonho que tive? A Primavera tem estes efeitos nas mulheres... As hormonas ficam ao rubro!

Eu sei que não é nada fácil (excepto a concepção), principalmente se pensarmos no parto propriamente dito...
Mas as crianças são o melhor da vida, acredita! E o sorriso e a inocência com que nos olham, não tem preço!
Eu acho que a tua amiga dava uma boa mãe! E estava bem bonita no sonho...

Beijos